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Inspirações para uma vida saudável.
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Inspirações para uma vida saudável.

II Simpósio Internacional de Bem Estar – Hospital Israelita Albert Einstein

TODOS QUEREMOS SER FELIZES. COMO FAREMOS ISSO É O GRANDE SEGREDO!

Por Marina Audi
As pessoas estão menos felizes dizem os cientistas…

A boa notícia é que tanto a Ciência quanto a sociedade civil se mobilizam para entender como reverter o quadro. Prova desse esforço foi o II Simpósio Internacional de Bem-estar: da ciência à prática, que aconteceu no Hospital Israelita Albert Einstein – HIAE dias 14 e 15 de junho, na cidade de São Paulo.

Durante esses dias, 350 pessoas se uniram para conversar sobre como ter
uma vida melhor e também mais saudável. A programação incluiu 16 palestras, três pitches de startups incubadas pela Eretz, bio – iniciativa do HIAE para incentivar o empreendedorismo na área da saúde –, além de aulas de Yoga durante as pausas para o almoço, uma vivência com imagens da Natureza (parte do projeto de pesquisa da enfermeira Elizeth Leão com pacientes oncológicos) e uma prática de Mindful Eating com a meditação do chocolate.(Conduzida pelo nutricionista João Motarelli a experiência provou ser possível comer e se saciar com apenas 3 quadrados de uma barra de chocolate, desde que se preste atenção na mastigação e nas sensações.)

É arbitrário selecionar, em um único texto, pontos de destaque dentre 14 horas de debates, mas me esforcei para fazer um panorama geral sobre o que ouvi e aprendi. A doutora Hedy Kober, chefe do Laboratório de Neurociência Clínica e Afetiva da Universidade de Yale, foi convidada para dar a aula magna e não fez cerimônia. Para iniciar, ela trouxe dados da OMS sobre o Brasil – somos campeões mundiais em ansiedade e ocupamos a quinta posição em casos de depressão – e o ranking da Felicidade da FGV, no qual caímos da 16ª posição em 2012 para a 37ª posição este ano. Antes que a plateia desanimasse, Hedy emendou com o estudo de Sonja Lyubomirsky (1) que afirma haver três fatores determinantes para a felicidade dos indivíduos: herança genética, condições do meio ambiente e escolhas pessoais. O incentivo veio quando Hedy disse que o estudo atualizado indica que 50% da nossa felicidade depende… de nós mesmos, do que fazemos. Essa introdução serviu para Hedy falar de um estudo publicado na Science (2), que tem ganho fama mundo afora, sobre a sensação de desprazer gerada quando nossa mente fica dispersa, vaguendo por aí. A partir de então, a americana falou de meditação, em especial mindfulness, como forma de encontrar a felicidade. O grande impacto foi saber do resultado obtido por Creswell (3) e seus colaboradores em um estudo que demonstrou mudanças em biomarcadores de inflamação com apenas três dias de prática meditativa! A pesquisadora brasileira Elisa Kozasa falaria, um dia depois, sobre resultados semelhantes em um estudo brasileiro (4) que mostrou melhora na cognição após sete dias de treino meditativo. Uma das boas coincidências aconteceu uma hora depois, quando o empresário João Paulo Pacífico, fundador do Grupo Gaia – especialista em securitização–, subiu ao placo para falar como ele procura criar um ambiente favorável para que seus funcionários encontrem a felicidade. Divertindo-se com o fato de um dos slides de sua apresentação falar sobre o mesmo estudo que Hedy mencionara pouco antes, ele não perdeu a empolgação e contou sua fórmula:

“Quando se estimula alguém a ser grato, automaticamente, você faz surgir mais reconhecimento. E é bom lembrarmos que a maioria dos profissionais sai de uma empresa por falta de reconhecimento”. Durante a mesa de debate, Pacífico confessou à moderadora Lia Diskin, fundadora da Palas Athena – associação que promove, agencia e incuba programas e projetos socioeducativos –, que procura não se deixar atingir pela incompreensão do mercado diante de suas posturas. “Eu sei que, quando se pensa a vida e uma empresa de uma forma diferente, muitas pessoas não vão entender”, disse ele.

Ana Claudia Pinto, diretora da Sharecare Brasil – empresa que através de um aplicativo recolhe informações completas de saúde e as integra com pulseiras e relógios inteligentes, que monitoram as atividades praticadas pelo usuário –abordou o tema do envelhecimento da população em termos de anos vividos versus o envelhecimento saudável. Ela falou das Blue Zones, sete regiões do planeta em que expectativa e qualidade de vida estão muito acima da média mundial. Este estudo destacou que existe um estilo de vida peculiar em cada uma dessas zonas e percebeu que há um raio de 12km ao redor do individuo que influencia seus hábitos e escolhas. Ela concluiu: “Se ao falarmos com as pessoas, a gente levar o impacto para o futuro, dizendo ‘se continuar assim você vai morrer daqui 10 anos’, ela desmerecerá a informação. Já se trazemos o impacto para o presente, o engajamento aumenta”.

Na sequência, falaram duas palestrantes que estiveram presentes na primeira edição do evento, ocorrida um a Tiemi brincou com a plateia e disse que este ano, apenas 8% dos inscritos estavam na faixa 60+, mas que a tendência é essa percentagem aumentar vertiginosamente nos próximos anos. A pergunta que não pode calar (e que ela verbalizou) é: temos geriatras suficientes para dar conta disso? Como coordenadora da pós-graduação de Saúde Integrativa do HIAE, ela trouxe o exemplo do CEDPES – Centro de Desenvolvimento para Promoção do Envelhecimento Saudável, convênio entre a Subprefeitura de Pinheiros e o Serviço de Geriatria do Hospital das Cínicas da FMUSP. Segundo a palestrante, ali se pratica um atendimento integrado digno de nota. Para finalizar o primeiro dia, Mariana Ferrão voltou ao palco que a recebera em 2017 para contar por que deixou a Rede Globo para empreender com a Soul.me. Ela queria ser ela mesma e descobriu como, em meio a uma gigante tragédia social e desastre ambiental: o rompimento da barragem de Brumadinho. Ao fim de uma semana de vivências entre os sobreviventes, ela entendeu que queria se conectar com outras coisas. Seu depoimento, as histórias e vídeos que mostrou levaram a plateia ao choro. E sem medo de emocionar ainda mais, Mariana encerrou sua participação no simpósio com um forte exercício de empatia, com intuito de demonstrar que somos todos feitos de momentos tristes e felizes… por isso, podemos nos perceber como iguais.

O segundo dia de evento não decepcionou. Começou com a palestra sobre
Estilo de Vida, ministrada por Gabriel Rosin, pneumologista e fundador do Colégio Brasileiro de Medicina do Estilo de Vida. Por mais que não queiramos admitir, existe um grande corpo de evidencias científicas que provam que as doenças que mais matam atualmente, podem ser evitadas com alterações no estilo de vida. “Foi-se o tempo das doenças contagiosas e chegou o tempo das doenças crônicas. Então, é preciso usar o estilo de vida como forma terapêutica. A mudança do comportamento perante a saúde deve ser enxergada como tratamento – e não somente como prevenção! Em alguns casos, a dieta até reverte doenças como a diabetes tipo II”, afirmou Gabriel. Se deu a impressão de ter ficado no ar a pergunta de como fazer para mudar o estilo de vida, a sequência de palestras não deixou pairar nenhuma dúvida. Primeiro, veio o preparador físico Márcio Atalla para conversar sobre atividade física e contar sobre o documentário Vida em Movimento (5). Descontraído e cheio de histórias de gente com quem já viveu as dificuldades de implantar um novo hábito, ele deixou uma mensagem clara: “A gente cria um novo habito repetindo. Não precisa se preocupar com a intensidade e a complexidade da atividade física. Escolha algo que você pode fazer diariamente. O beneficio do exercício vem com a regularidade”.

Em seguida, a nutricionista Rosana Raele surpreendeu a plateia com uma
visão muito realista e nada tecnicista de alimentação. “Eu não sou o tipo de
nutricionista que fica calculando calorias ingeridas. Se um cliente meu vai para França e não come um croissant, eu acho um absurdo”, brincou ela. Não entenda mal. Rosana não faz apologia a doces ou carboidratos. Como coach, ela defende que o profissional de nutrição olhe o paciente como um todo e se coloque para ele como “parceiro de dança”, sem impor a música ou metas impossíveis de ele cumprir. Ela resume a metodologia assim: “Não existe alimento ruim, nem alimento saudável. O que existe é comportamento saudáve e a motivação para segui-lo”. E outro empresário esteve no evento para falar de perseguir um estilo de vida – Romeu Andreatta Filho, fundador da Revista Fluir e do Festivalma, considerado
o maior evento cultural de surf e praia do mundo. Além de contar como criou um mercado, além de uma revista de surf, Romeu disse acreditar que o conhecimento sobre os hábitos mais saudáveis está à disposição de todos,
mas o que conta mesmo são as escolhas e a coragem para fazê-las. Para
provar seu ponto de vista, ele chamou ao palco Rodrigo Koxa, que detém o
recorde mundial da maior onda surfada. Koxa revelou como superou o trauma de ter sido jogado por uma onda gigante na direção de uma muralha de pedras na mesma praia em que, dois anos depois, ele conseguiu o feito histórico de surfar uma onda de mais de 26m de altura. Seu lema para superar o medo: “Go bigger (em tradução literal: vá maior)!”

No âmbito de desenvolvimento cerebral, o médico João Ricardo Sato, despiuse, literalmente, à frente da plateia, deixou o paletó de lado e transformou-se no Charlie Brown para falar de saúde mental e infância. “Tem gente que me pergunta se sou pesquisador social, mas sou médico e estatístico. Trabalho com neurodesenvolvimento e educação”, contou rindo. Desde 2009, Ricardo observa os efeitos dos ambientes familiares no desenvolvimento e estabilidade das redes neurais das crianças e a correlação com o surgimento de doenças crônicas na vida adulta. Sua luta é provar, por meio da ciência, que vale mais a pena investir recursos para dar apoio consistente na primeira infância e evitar perdas irreparáveis depois, tanto em termos de doenças mentais quanto físicas.

O encerramento com Hedy Kober foi a respeito de vício em mídias sociais e
internet. Apesar de ela dizer que há fortes indícios que aproximam o vício em jogo com o hábito desregrado de uso de internet, a pesquisadora afirma que serão necessários mais estudos para corroborar esses achados. Por enquanto, ela diz apenas: “Em termos de circuito cerebral, há semelhanças entre o vício em jogar a dinheiro e o ato de receber um ‘like’ no facebook. Mas as estratégias de tratamento de adição em mídias sociais e smartphones têm de ser diferentes do tratamento das demais adições, pois não se consegue retirar totalmente o uso, principalmente devido ao aspecto profissional dos smartphones”.

Entretanto, ela recomenda fortemente o hábito de autorestrição do uso de
horas desse tipo de tecnologia e até mostrou dados preliminares de pesquisas indicando efeitos benéficos dessa medida. Para quem tem dúvidas se exagera nesse ponto, melhor se precaver, afinal a sabedoria popular diz: “Yo no creo en brujas, pero que las hay, las hay”.

Referências:
(1) Lyubomirsky S. The How of Happiness: A Scientific Approach to Getting
the Life You Want. Penguin Press HC, 2007.
(2) Killingsworth MA, Gilbert DT. A Wandering Mind Is an Unhappy Mind.
Science, novembro 2010.
(3) Creswell JD, Taren AA, Lindsay EK, Greco CM, Gianaros PJ, Fairgrieve
A et al. Alterations in Resting-State Functional Connectivity Link
Mindfulness Meditation With Reduced Interleukin-6: A Randomized
Controlled Trial. Elsevier Inc., 2016.
(4) Kozasa EH, Balardin JB, Sato JR, Chaim KT, Lacerda SS, Radvany J et
al. Effects of a 7-day meditation retreta on the brain functions of
meditators and non-meditators during an attention task. Hum Neurosci.,
2018.
(5) Rajabally E. A vida em Movimento [vídeo] Brasil: 2019.


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É Practitioner certificada pelo The Bach Centre, da Inglaterra e tem formação acadêmica em Comunicação Social. Atende como terapeuta floral dos sistemas de Bach e da Califórnia. Atua também como pesquisadora e entrevistadora do setor audiovisual há mais de 10 anos. Desde setembro de 2016, colabora no projeto social com Terapia Floral do Sistema de Bach voltado para a comunidade ligada a ACOMI – Associação Comunitária Michael, na periferia de São Paulo.

marina_audi@hotmail.com

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